No máximo em um mês, moradores deixarão de residir no pior lugar de Cubatão
Para muitos, a extinção da Vila Parisi (14 de maio de 1992, oficialmente), localizada no Pólo Industrial de Cubatão, pôs fim ao pior lugar de moradia da Cidade. Entretanto, quem tem o Pólo Industrial como seu dia-a-dia para trabalho sabe que o Município ainda possui locais de extrema pobreza.
Diferente dos demais núcleos carentes de Cubatão, o Jardim São Marcus só não é pior do que a antiga Vila Parisi devido as condições do ar, que não lembram em nada aquelas décadas. Mas, o bairro, localizado entre duas indústrias químicas, reúne centenas de famílias pobres, com poucos recursos financeiros.
Um bairro afastado do Centro da Cidade, afastado da saúde, da educação e do emprego. Sem saneamento básico, água e até transporte, as famílias lucravam como e quanto podiam nas portas das indústrias. Cena comum, há pouco mais de dez anos, era de crianças vendendo bebidas nas portas das empresas. Os casos de prostituição infantil também faziam parte desse quadro. "Em 1999, a Promotoria da Infância e da Juventude já havia denunciado as condições de vida daquelas crianças ali do Jardim São Marcus. Então, isso já era uma coisa notória", conta o coordenador de projetos da organização não-governamental Associação Cubatense de Capacitação para o Exercício da Cidadania (ACCEC), Antônio de Pádua Maia Azevedo.
Tendo conhecido o local no final de 2000, através do programa de alfabetização de adultos realizado com aqueles moradores, a ACCEC decidiu fazer mais. "A ACCEC entrou lá (Jardim São Marcos) pela questão da educação. A primeira ação da ACCEC lá foi a alfabetização de adultos, que naquele bairro tinha problemas sérios de analfabetos", lembra Antônio de Pádua. "Nós passamos a ter conhecimento, junto com o povo, das problemáticas deles", completa.
Foi do conhecimento, da vivência no bairro que a entidade se propôs a ajudar os moradores a mudarem aquela situação. "Nós construímos ali os conceitos, os valores, os entendimentos e a luta se deu em conjunto", diz Pádua. Da vontade surgiu a proposta: "uma proposta voltada para emancipar aquelas pessoas que era sair dali", "não adiantava levar saneamento básico, escolas, creches e outras melhorias para o bairro, pois a população continuaria vivendo num local impróprio para um núcleo habitacional", lembra o coordenador da entidade. Mas só tirar as pessoas dali não era o suficiente. "Ela (entidade), além de lutar por essa transferência, ela queria preparar o cidadão para se desfavelizar interiormente, ou seja, dando educação. "Então, não é simplesmente tirar daqui e pôr aqui. Mas, pôr aqui e preparar essa pessoa para conseguir tocar a sua vida no futuro", explica Pádua.
Com pesquisas elaboradas no bairro, que colocaram no papel a situação daqueles moradores, a entidade pôs em pratica a realização do sonho. Reuniu o poder público e privado em um mesmo objetivo: transferir aquelas pessoas dali. "Envolvemos o Ciesp, o Pólo Industrial, na época, no final de 2000, era o governo do dr. Nei Eduardo Serra, participou também o dr. André Gueratto, que era gerente da criança, então houve uma união de pessoas em torno dessa causa. Acabou o final de 2000, o governo do Nei Serra e iniciou-se o governo do Clermont, e nós temos que ser honestos nesta questão, o Clermont, ele assumiu essa bandeira", afirma Pádua.
De acordo com o presidente da ong, ciente da situação do bairro e do trabalho sério da entidade, "o prefeito (Clermont) instituiu o trabalho". "Ele chamou o pessoal da secretaria e instituiu um grupo multisetorial para pegar esses dados e descrever a situação do São Marcos e remeter ao Governo Federal". A ação do prefeito culminou com a entrada da Cidade no programa Habitar Brasil- BID.
Contudo, mesmo inscrito no programa, o projeto de erradicação do São Marcos correu o risco de não ser contemplado. Para que isso não acontecesse, o presidente da ong esteve duas vezes em Brasília. "Eu estive duas vezes em Brasília, através do Jardim São Marcos, porque houve momentos em que o Governo Federal ia contigenciar verbas e uma delas seria a destinada para o bairro. Com muito esforço, nós conseguimos garantir que o São Marcos continuasse como prioridade", lembra Pádua. A perseverança na causa resultou na assinatura do convênio entre o Município, a Federação e a Caixa Econômica Federal, em 2004. "É possível você se organizar e mudar uma história, mudar o rumo de uma vida, basta você acreditar no sonho e persistir para que ele se realize. Temos que ser idealistas", declara Pádua.
Apartamentos - Segundo Pádua as obras já estão em fase final de conclusão e, entre o final deste mês e o início de junho, os moradores deverão estar habitando as novas residências. "A previsão é no final de maio ou início de junho. Estão vendo a agenda do presidente Lula, se ele vem ou não a Cubatão para visitar as obras", informa.
As novas moradias são compostas por apartamentos. Ao todo, foram construídos 160 apartamentos, dispostos em oito blocos, com cinco andares cada. Cada apartamento contará com dois quartos, sala, cozinha e banheiro. No bairro, os moradores contarão ainda com creche, UBS e centro comunitário.
Construído através do programa do Governo Federal Habitar Brasil (destinado para a população carente e a fundo perdido), os moradores pagarão pelas novas moradias mensalidades que poderão variar de R$ 15 a R$ 20,00, de acordo com o coordenador da ACCEC. Diferente dos conjuntos construídos pela CDHU, cada morador terá sua conta de água e luz individual.
Jardim São Marcos- Segundo Pádua o bairro foi criado em 1956, e teria sido o primeiro loteamento da época na Cidade, surgido para atender o setor das indústrias. O bairro surgiu antes mesmo das indústrias Fosfertil (antiga Ultrafertil) e Bunge Fertilizantes, localizadas em torno da área.
Processo- De acordo com o que estabelece o programa Habitar Brasil- BID, a ACCEC deveria deixar de assistir ao bairro com até um ano e meio antes do processo de remoção. Desde o início de 2006, os trabalhos de remoção das famílias, cerca de 136, é realizado pela Unidade de Execução Municipal (UEM), secretarias municipais de Assistência Social e Obras (Departamento de Habitação) e por uma entidade pertencente a igreja católica. "Até um ano e meio antes de acabar as obras quem assume é a UEM, isso está dentro do projeto do Banco Mundial. Não cabe a ong assumir a coordenação dos trabalhos", explica Antônio de Pádua.
Diferente dos demais núcleos carentes de Cubatão, o Jardim São Marcus só não é pior do que a antiga Vila Parisi devido as condições do ar, que não lembram em nada aquelas décadas. Mas, o bairro, localizado entre duas indústrias químicas, reúne centenas de famílias pobres, com poucos recursos financeiros.
Um bairro afastado do Centro da Cidade, afastado da saúde, da educação e do emprego. Sem saneamento básico, água e até transporte, as famílias lucravam como e quanto podiam nas portas das indústrias. Cena comum, há pouco mais de dez anos, era de crianças vendendo bebidas nas portas das empresas. Os casos de prostituição infantil também faziam parte desse quadro. "Em 1999, a Promotoria da Infância e da Juventude já havia denunciado as condições de vida daquelas crianças ali do Jardim São Marcus. Então, isso já era uma coisa notória", conta o coordenador de projetos da organização não-governamental Associação Cubatense de Capacitação para o Exercício da Cidadania (ACCEC), Antônio de Pádua Maia Azevedo.
Tendo conhecido o local no final de 2000, através do programa de alfabetização de adultos realizado com aqueles moradores, a ACCEC decidiu fazer mais. "A ACCEC entrou lá (Jardim São Marcos) pela questão da educação. A primeira ação da ACCEC lá foi a alfabetização de adultos, que naquele bairro tinha problemas sérios de analfabetos", lembra Antônio de Pádua. "Nós passamos a ter conhecimento, junto com o povo, das problemáticas deles", completa.
Foi do conhecimento, da vivência no bairro que a entidade se propôs a ajudar os moradores a mudarem aquela situação. "Nós construímos ali os conceitos, os valores, os entendimentos e a luta se deu em conjunto", diz Pádua. Da vontade surgiu a proposta: "uma proposta voltada para emancipar aquelas pessoas que era sair dali", "não adiantava levar saneamento básico, escolas, creches e outras melhorias para o bairro, pois a população continuaria vivendo num local impróprio para um núcleo habitacional", lembra o coordenador da entidade. Mas só tirar as pessoas dali não era o suficiente. "Ela (entidade), além de lutar por essa transferência, ela queria preparar o cidadão para se desfavelizar interiormente, ou seja, dando educação. "Então, não é simplesmente tirar daqui e pôr aqui. Mas, pôr aqui e preparar essa pessoa para conseguir tocar a sua vida no futuro", explica Pádua.
Com pesquisas elaboradas no bairro, que colocaram no papel a situação daqueles moradores, a entidade pôs em pratica a realização do sonho. Reuniu o poder público e privado em um mesmo objetivo: transferir aquelas pessoas dali. "Envolvemos o Ciesp, o Pólo Industrial, na época, no final de 2000, era o governo do dr. Nei Eduardo Serra, participou também o dr. André Gueratto, que era gerente da criança, então houve uma união de pessoas em torno dessa causa. Acabou o final de 2000, o governo do Nei Serra e iniciou-se o governo do Clermont, e nós temos que ser honestos nesta questão, o Clermont, ele assumiu essa bandeira", afirma Pádua.
De acordo com o presidente da ong, ciente da situação do bairro e do trabalho sério da entidade, "o prefeito (Clermont) instituiu o trabalho". "Ele chamou o pessoal da secretaria e instituiu um grupo multisetorial para pegar esses dados e descrever a situação do São Marcos e remeter ao Governo Federal". A ação do prefeito culminou com a entrada da Cidade no programa Habitar Brasil- BID.
Contudo, mesmo inscrito no programa, o projeto de erradicação do São Marcos correu o risco de não ser contemplado. Para que isso não acontecesse, o presidente da ong esteve duas vezes em Brasília. "Eu estive duas vezes em Brasília, através do Jardim São Marcos, porque houve momentos em que o Governo Federal ia contigenciar verbas e uma delas seria a destinada para o bairro. Com muito esforço, nós conseguimos garantir que o São Marcos continuasse como prioridade", lembra Pádua. A perseverança na causa resultou na assinatura do convênio entre o Município, a Federação e a Caixa Econômica Federal, em 2004. "É possível você se organizar e mudar uma história, mudar o rumo de uma vida, basta você acreditar no sonho e persistir para que ele se realize. Temos que ser idealistas", declara Pádua.
Apartamentos - Segundo Pádua as obras já estão em fase final de conclusão e, entre o final deste mês e o início de junho, os moradores deverão estar habitando as novas residências. "A previsão é no final de maio ou início de junho. Estão vendo a agenda do presidente Lula, se ele vem ou não a Cubatão para visitar as obras", informa.
As novas moradias são compostas por apartamentos. Ao todo, foram construídos 160 apartamentos, dispostos em oito blocos, com cinco andares cada. Cada apartamento contará com dois quartos, sala, cozinha e banheiro. No bairro, os moradores contarão ainda com creche, UBS e centro comunitário.
Construído através do programa do Governo Federal Habitar Brasil (destinado para a população carente e a fundo perdido), os moradores pagarão pelas novas moradias mensalidades que poderão variar de R$ 15 a R$ 20,00, de acordo com o coordenador da ACCEC. Diferente dos conjuntos construídos pela CDHU, cada morador terá sua conta de água e luz individual.
Jardim São Marcos- Segundo Pádua o bairro foi criado em 1956, e teria sido o primeiro loteamento da época na Cidade, surgido para atender o setor das indústrias. O bairro surgiu antes mesmo das indústrias Fosfertil (antiga Ultrafertil) e Bunge Fertilizantes, localizadas em torno da área.
Processo- De acordo com o que estabelece o programa Habitar Brasil- BID, a ACCEC deveria deixar de assistir ao bairro com até um ano e meio antes do processo de remoção. Desde o início de 2006, os trabalhos de remoção das famílias, cerca de 136, é realizado pela Unidade de Execução Municipal (UEM), secretarias municipais de Assistência Social e Obras (Departamento de Habitação) e por uma entidade pertencente a igreja católica. "Até um ano e meio antes de acabar as obras quem assume é a UEM, isso está dentro do projeto do Banco Mundial. Não cabe a ong assumir a coordenação dos trabalhos", explica Antônio de Pádua.
Fotos : Site novo milênio e assessoria de imprensa da Prefeitura de Cubatão
Mais informações: Antônio de Pádua - cel.: 97754295
Um comentário:
NÃO SE PODE ESPERAR DE ALGUEM QUE NÃO TEVE RESIDENCIA NA EXTINTA VILA PARISI, QUE SE FAÇA UM JUIZO JUSTO DAQUELE LOCAL . QUEM NÃO MOROU LÁ NÃO TEM AUTONOMIA PARA FAZER JUIZO DE VALOR, COMO SE A POPULAÇÃO DA VILA FOASSE A RALÉ.
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