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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A Portuguesa Santista e sua marca contra o preconceito racial






* por Victor de Andrade

A Associação Atlética Portuguesa, clube de Santos tradicionalíssimo no futebol paulista e conhecido como ‘Briosa’, comemora nesta quinta-feira, dia 20 de novembro, 97 anos de fundação. Porém, esta coincidência de o aniversário ser na mesma data do Dia da Consciência Negra não é a única que liga a agremiação às lutas contra o preconceito racial.

Fundada em 1917, a Briosa é muito conhecida dos fãs do futebol brasileiro. O espírito inovador foi demonstrado na construção do seu estádio, o Ulrico Mursa, nos anos 20, e já marcou sua história: foi o primeiro a ter arquibancada de concreto e coberta, na América Latina.

Entre 1936 e 1938, a equipe conseguiu ficar na terceira colocação do Campeonato Paulista, um dos mais competitivos do país, nos três anos. Foi nesta época em que o clube revelou Tim, ao lado de Leônidas da Silva e Domingos da Guia, um dos grandes craques brasileiros daquele momento, e Argemiro, que foi o primeiro jogador de um clube de Santos a ser convocado para uma Copa do Mundo, em 1938, na França, jogando pela Portuguesa Santista. Já em 1941, ao lado de São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Portuguesa, Juventus, Nacional, Ypiranga, Comercial, Santos e Jabaquara, fundou a Federação Paulista de Futebol (antes disso, havia ligas independentes que organizavam o Paulistão. Em muitos anos, houve mais de um campeonato).


Já no ano de 1959, a Portuguesa Santista partiu para uma excursão com diversos jogos no continente africano. O clube já estava acostumado a fazer viagens do tipo, mas era a primeira vez que ia para a África. A bordo da embarcação holandesa “Boissevan”, a viagem marítima durou 13 dias. Os jogos históricos foram realizados entre 16 de abril e 28 de maio daquele ano.

As notícias que vinham da África para a cidade de Santos eram animadoras. Vitórias e mais vitórias marcavam a excursão da Briosa. No entanto, a partida que entraria para a história da excursão é justamente aquela que não ocorreu. A África do Sul estava no itinerário da viagem da equipe brasileira e a delegação da Portuguesa Santista teve que enfrentar um adversário extracampo: o regime de segregação racial que vigorava no país, o Apartheid. Desde o complicado desembarque dos três atletas negros da Briosa, Nenê, Bota e Guilherme, na Cidade do Cabo, onde não queriam deixá-los entrar no local com o resto do elenco, até a preparação para o jogo, a passagem do time brasileiro acabou por constituir um incidente diplomático entre Brasil e África do Sul.

No dia do jogo, quando a equipe santista já estava uniformizada nos vestiários, pronta para entrar em campo contra um combinado da Cidade do Cabo, um dirigente do futebol local apareceu, informando que os jogadores negros não poderiam participar da partida porque assim determinavam as leis do país. O então Encarregado de Negócios da Legação Brasileira na Cidade do Cabo (representando o governo brasileiro), segundo-secretário Joaquim de Almeida Serra estava no estádio e, prontamente, manifestou-se contra a recomendação, apoiado por todo o elenco. “Ou jogam todos ou ninguém joga!”, dizia ele. No Brasil, o presidente da República, Juscelino Kubitschek, já havia determinado que a partida não deveria ser realizada. E ninguém jogou.


Pela recusa em disputar a partida, o episódio obteve repercussão internacional e ajudou em alguma medida a combater o Apartheid no esporte. Joaquim de Almeida Serra, neto do destacado abolicionista homônimo Joaquim Serra, recebeu um telegrama do Itamaraty, informando que Presidente Juscelino Kubitschek elogiava sua atitude. O evento também acabou se transformando em um marco histórico por ter sido a primeira vez em que o Brasil se posicionava publicamente contra aquele regime, o primeiro país fora da África a se posicionar contra o regime segregador sul-africano, desencadeando uma série de ações contra o Apartheid ao redor do mundo.

O incidente diplomático não encerrou a excursão. Foram realizados jogos em outros países africanos e os resultados continuaram expressivos. No total, foram 15 vitórias em 15 jogos, marcando extraordinários 75 gols, com o atacante Grillo sendo o artilheiro da equipe. Estas partidas deram à Portuguesa Santista o título de honra ‘Fita Azul do Futebol Brasileiro’, entregue pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD – antecessora da atual CBF) para as equipes que ficavam invictas em jogos no exterior. Esta honraria, inclusive, é exaltada no hino do clube.

Após a excursão, a delegação da Portuguesa voltou a Santos e foi recebida apoteoticamente na cidade, desfilando, inclusive, no carro do Corpo de Bombeiros. E a bela história deste clube quase centenário continuou. No Campeonato Paulista da Segunda Divisão de 1964, cuja final foi disputada já em 1965, a Portuguesa Santista sagrou-se campeã ao derrotar a Ponte Preta, em pleno Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, por 1 a 0, gol de Samarone. Vale ressaltar também que na seleção de 1970 havia um jogador criado em Ulrico Mursa. O lateral-esquerdo Marco Antônio, reserva de Everaldo, na época já jogador do Fluminense, foi revelado pela Briosa.

Após ter sido rebaixada em 1977, a Briosa conseguiu um novo acesso para a Primeira Divisão do Estado em 1996, onde conquistou o vice-campeonato com uma equipe experiente, que contava com diversos atletas veteranos oriundos da Baixada Santista, como Fernando Mattos, Balu, Paulo Robson, Célio e Márcio Fernandes.

Já entre 2000 e 2004, a Briosa também montou belos elencos, tendo como destaques o time de 2001, com a excelente dupla de ataque composta por Zinho e Tico Mineiro; a equipe de 2003, semifinalista do Campeonato Paulista, eliminando Santos e Guarani, perdendo a vaga na final para o São Paulo, revelando o volante Adriano, o meia Souza e o atacante Rico; e o time de 2004, que contou com o tetracampeão Marcio Santos, que também chegou às finais do Paulistão e disputou a Copa do Brasil.

A partir de 2006, sucessivos rebaixamentos sucumbiram a Portuguesa Santista à última divisão do Estado, sendo que na última temporada, faltou muito pouco para o acesso à Série A3. Mas sua história nunca poderá ser apagada e o episódio ocorrido na África do Sul, em 1959, é muito mais importante do que qualquer resultado conquistado em campo. Parabéns à Portuguesa Santista pelos seus 97 anos, por fazer parte não só da história do futebol brasileiro, como também por ter feito parte deste fato marcante, marcado pela luta contra o preconceito racial no mundo.


* Victor de Andrade é jornalista, amante do futebol e torcedor da Associação Atlética Portuguesa.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

3ª edição do Cubatão Danado de Bom atrai mais de 60 mil pessoas e é sucesso entre o público de todas as idades e de várias partes do País




Foto: Allan Nóbrega
Foto :Marcus Cabaleiro
A 3ª edição do Festival da Cultura Nordestina - Cubatão Danado de Bom foi um sucesso de público, agradando todas as faixas etárias. Durante quatro dias de festa, mais de 60 mil pessoas passaram pelo local, moradores da região e turistas de várias partes do País, e puderam curtir de perto shows de grandes nomes da música brasileira, como Fagner, Pitty, Falamansa, Daniel Gonzaga, Tribo de Jah, Magníficos, entre outros.



Criado em 2010 pela Prefeitura de Cubatão, o festival faz já parte do calendário oficial de eventos do Estado de São Paulo e já está se consolidando como a maior festa nordestina fora do Nordeste. Além dos shows principais, o evento teve mais de 60 apresentações artísticas, dos mais variados segmentos, como dança, teatro, cultura popular, folclore, artes plásticas e literatura, totalizando 43 horas de entretenimento gratuito.




Foto: Marcus Cabaleiro
O Espaço Infantil Danadinho de Bom, novidade deste ano, foi um sucesso entre as crianças e também entre os pais, que puderam ficar despreocupados curtindo o evento. Durante os quatro dias, mais de 6 mil pessoas passaram pelo local.



O evento também ajudou na geração de empregos. Ao todo, foram gerados cerca de 750 empregos diretos e indiretos ao longo do período de preparação e realização do evento. E ainda ajudou 10 entidades assistenciais, que comercializaram comidas e bebidas no local, obtendo um lucro total 50 mil reais durante o festival, e 17 artesãos locais, que e vender 120 peças, resultando num faturamento total de R$ 1.600,00. A rede hoteleira da cidade e o setor de transportes também se beneficiaram do movimento gerado pelo festival.





A gastronomia típica nordestina mais uma vez fez sucesso entre os presentes. Durante os quatro dias de festa, os 14 restaurantes instalados na praça de alimentação, ajudando a movimentar a economia local.





Foto: Marcus Cabaleiro
As ações ambientais não ficaram de fora do evento. No local, durante os quatro dias de festa, foram recolhidos 80 litros de óleo de cozinha usado nas barracas. No mesmo período, uma tonelada de lixo reciclável foi retirada do kartódromo. Já de lixo orgânico foram recolhidas 4 toneladas.



Foto: Marcus Cabaleiro
Para compensar a emissão de carbono gerado por esses resíduos (150 ton/CO²), algumas ações estão previstas, como produção de biodiesel a partir do óleo de cozinha usado; destinação dos resíduos secos para a cooperativa, no qual este material irá gerar renda e posteriormente será reciclado; e plantio de aproximadamente 100 mudas de árvores no Município, principalmente no Parque Ecológico Perequê.




Foto: Marcus Cabaleiro

Foto: Marcus Cabaleiro
A prefeita Marcia Rosa ficou satisfeita com o resultado e já confirmou a realização da quarta edição do evento, em 2015. "A festa foi realmente Danada de Boa. Reuniu não só moradores de Cubatão, nordestinos e descendentes, mas também pessoas de outras cidades e de outros estados. Foi uma festa que agradou crianças, jovens, adultos e idosos", disse a chefe do Executivo.



O Festival de Cultura Nordestina - Cubatão Danado de Bom é realizado pela Prefeitura Municipal de Cubatão. A 3ª edição contou com apoio da Usiminas, Unimonte, Ecovias, Vale, Unipar Carbocloro e Cerveja Devassa.  E apoio institucional do CIESP - Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, ACIC - Associação Comercial e Industrial de Cubatão, Santos e Região Convention & Visitors Bureau, e parceria com a Associação dos Artistas.

Texto: Tatiana Lopes
Foto: Allan Nóbrega
FENAJ/MTB - 52208 - SP

Fotos Marcus Cabaleiro
FENAJ/MTB - 66920-SP
Site: http://marcuscabaleiro.com.br/

Prefeitura Municipal de Cubatão
Secretaria de Comunicação