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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Poeira, ruído e fumaça... e assim continuam vivendo os sem-teto

Os desabrigados da Ilha Caraguatá permanecem acampados sob um viaduto da rodovia Cônego Domênico Rangoni

José Mário Alves

“Não vamos desistir de lutar por moradias dignas para nossas famílias. Vamos até o fim”. Com estas frases, Carlos Henrique, o Magrão, membro da ‘Comissão dos Sem-Tetos da Ilha Caraguatá’, desabafa sua angústia pelo que ele e seus companheiros estão passando e completa: “os dias passam, mas a situação continua a mesma. Não temos ninguém por nós. No Bolsão 9, têm vários apartamentos vazios e nós aqui nesta situação. Queremos pagar pelo imóvel. Não estamos pedindo nada de graça”.


As 28 famílias que, segundo quantificação dos membros da comissão, continuam sem local para se instalar e, por conta disso, permanecem acampados sob um viaduto na Vila Elizabeth, conseguiram a doação de algumas lonas e, com isso, montaram barracas que lhes oferecem um pouco mais de privacidade, mesmo não tendo nenhum conforto e ainda estando sujeitos a vários tipos de condições insalubres, como a fumaça que são obrigados a inspirar, provenientes principalmente dos caminhões que transitam pela Rodovia Cônego Domenico Rangoni. Algumas pessoas já tiveram sua saúde comprometida devido à poeira e a fumaça proveniente de escapamentos de veículos que transitam no local a menos de cinco metros do acampamento e precisaram de atendimento médico.
Segundo Magrão, a Prefeitura parou de oferecer assistência e nem mesmo cestas básicas são entregues. Somente algumas pessoas levam doações de alimentos e eles fazem, quando podem, uma ‘vaquinha’ para comprar a mistura, que nem sempre é possível adquirir. Henrique disse ainda que funcionários da Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (ARTESP) fotografaram o local e levaram à ECOVIAS, que já teria notificado a Prefeitura para que fossem tomadas as devidas providências.
A ECOVIAS, por meio da sua assessoria de imprensa, informou que monitoram o local a todo instante. Esclareceu também que os sem-teto não estão interferindo no tráfego de veículos e que ainda não tem nenhuma posição quanto às providências que poderão ser tomadas. Enquanto isso, os sem-teto da Ilha Caraguatá permanecem abrigados por lonas plásticas, que se constituem em suas únicas “paredes”, tendo por teto apenas um viaduto.


O secretário de Assistência Social, Sebastião Carlos Henrique, esclarece ainda que essas famílias não são de moradores de rua, nem vítimas de catástrofe, pois em levantamento anterior feito pela Secretaria de Assistência Social todos alegaram que moravam em casa de parentes, outros pagavam aluguel. No entanto, estão forçando uma reivindicação que a Prefeitura não pode cumprir de imediato, que é a moradia. O que já foi feito foi relacionar as famílias no cadastro oficial da habitação.


Matéria publicada no Jornal Reação Popular edição 48

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