Uma
coisa ficou muito clara na última eleição municipal de Cubatão: o eleitorado
não quis uma volta ao passado.
E
porque isso ficou tão evidente? Principalmente por dois fatores:
1) Três outros ex-prefeitos se uniram em torno da candidatura oposicionista de Nei
Serra (PSDB): Clermont Castor, Oswaldo Passarelli e Carlos Frederico Soares
Campos. Juntos, mais de 30 anos de mandatos.
2)
Márcia Rosa (PT) disputou a reeleição enfrentando a mais grave crise financeira
de toda a gestão. Estava no olho do furacão.
Mesmo
assim, um resultado de 55% dos votos válidos para a prefeita e 33% para o
principal opositor. Não sobrou nenhuma margem de dúvida. Um sonoro NÃO ao
passado.
O
resultado, entretanto, nunca foi digerido. A prefeita reeleita enfrenta, desde
a contagem dos votos, uma série de três processos eleitorais.
Perdeu
todos em primeira instância. Reverteu um desses resultados no Tribunal Regional
Eleitoral. Foi condenada em outro. E agora tem um pedido de impeachment
acolhido na Câmara.
Os
especialistas que acompanham julgamentos desse tipo afirmam que a condenação da
prefeita no TRE não deve ser mantida no Tribunal Superior Eleitoral. Explicam
que a linha de julgamentos do TSE é a de não alterar decisões do eleitorado por
fatores que não têm potencial de influenciar o resultado das urnas. E o suposto
uso indevido do jornal Reação Popular, acusação eleitoral desse processo, está
exatamente nesse caso. Motivo muito fraco para um castigo muito forte, em
resumo.
O
processo de impeachment acolhido pelos vereadores parece ainda mais
artificial. Não tem fundamento para passar nas comissões. Só foi colocado em
votação porque uma decisão judicial atropelou o regimento da Câmara. Uma eventual
cassação política também pode ser revertida – até com mais facilidade - na
justiça, em instâncias superiores.
O
acúmulo de turbulências parece ter a finalidade de instalar uma crise política.
Mas, na verdade, trata-se apenas do velho recurso de tentar transformar a
derrota no campo em vitória no tapetão.