Com a criação de um Centro de Referência Ambulatorial a Dependência Química, o município pretende atuar no auxílio, recuperação e prevenção do problema. A entidade funcionará aos moldes da ONG CADEQ, de Cubatão, presente na baixada santista há 7 anos.
“Sou Vivo! Não Uso Drogas”. Foi com essa mensagem que diversos segmentos da sociedade do município de Cajati se reuniram na última terça-feira, dia 25, quando a cidade recebeu a visita de diretores da ONG CADEQ - Centro Ambulatorial à Dependência Química, sediada em Cubatão. O objetivo do encontro foi a avaliação da criação na cidade de uma entidade semelhante a que atua há 7 anos na baixada santista. Seguindo o propósito “Prevenindo por um Mundo Melhor”, a CADEQ atende portadores de dependência química, oferecendo auxílio e recuperação e ainda desenvolve um trabalho de prevenção ao uso de álcool e outras drogas.
A iniciativa em Cajati partiu de um grupo de pessoas preocupadas com a crescente problemática do uso de drogas, principalmente por jovens e adolescentes no município. A reunião contou com a presença e apoio do Conselho Tutelar de Cajati, Departamentos de Educação e Cultura, Assistência Social e Saúde da Prefeitura de Cajati, Polícia Militar e Polícia Civil. De acordo com o diretor de finanças da administração municipal, Jainir dos Santos Neves, que representava o prefeito Marino de Lima, a prefeitura não só apóia a iniciativa como se coloca a disposição, haja vista, a situação preocupante pela qual o município vem passando em relação a problemática das drogas. “É necessário a união entre a sociedade civil e órgãos públicos para combater esse problema e atender de forma adequada àqueles que estão vivendo esse drama, bem como suas famílias”, frisou Jainir. Segundo o policial civil José Otávio “não se encontra mais maconha em Cajati. O craque, uma das drogas mais perigosas pela rápida dependência e destruição que causa no organismo, já tomou conta da cidade”. Um dos grandes problemas do município é a proximidade com a Rodovia Régis Bittencourt, que facilita o acesso ao comércio de drogas, fazendo com que os bairros localizados às margens da estrada apresente maior vulnerabilidade. Hoje, os dependentes são atendidos no Hospital Municipal, geralmente encaminhados pela polícia e conselho tutelar, mas não existe um trabalho de acompanhamento desses pacientes, muito menos de prevenção. Para o presidente da CADEQ de Cubatão, Severino Eleno Mendonça Correia, Cajati está tendo a oportunidade de plantar uma importante semente, que com empenho e dedicação daqueles interessados em construir uma cidade melhor e prezar pela saúde e bem estar de sua população, com certeza renderá bons frutos.
“Todos que estão aqui reunidos hoje trabalharão no sentido de serem multiplicadores da idéia e do projeto, cumprindo nossa responsabilidade social como pais, educadores, profissionais e cidadãos”, ressaltou Severino. O terapeuta e conselheiro em dependência química, Alexandre José, lembrou que a dependência química é uma doença e assim foi classificada pela OMS – Organização Mundial de Saúde, portanto todos aqueles que passam por esse problema precisam ser tratados como tais. “A prevenção é a maior vacina contra esse mal e o preconceito a maior dificuldade. O dependente químico enfrenta, além de todos os males biopsicosociais que a droga causa, o julgamento moral, sendo geralmente marginalizado pela sociedade. A dependência química é uma doença multifatorial e precisa ser encarada e tratada dessa forma”. Também presente no evento, o terapeuta e vice presidente da CADEQ, Alessandro de Oliveira, lembrou que fica fácil transferir toda responsabilidade para o poder público. “Geralmente as pessoas só se envolvem quando vivem de perto, dentro da família, um problema como esse. A tendência da maioria é recuar diante de qualquer proposta de engajamento. Esse conceito precisa mudar. Estamos aqui hoje para dividir com vocês nossas experiências e provar que o milagre é possível. Começamos com quase nada e hoje conquistamos estrutura e principalmente credibilidade na região em que atuamos e até mesmo em todo país. Para isso, é claro, contamos com apoios importantes como prefeitura de Cubatão que abraçou a causa juntamente conosco, Câmara Municipal e diversos órgãos públicos ”. Todos os membros da entidade que estiveram em Cajati se intitularam dependentes químicos em recuperação e que há muitos anos estão livres da ingestão de qualquer tipo de substância química. “Combatemos uma doença incurável”, disse Severino, presidente da ONG contando aos presentes que está longe das drogas há 10 anos e 10 dias, trabalhando sempre com o conceito de ‘só por hoje não usei drogas, um dia de cada vez’. “Seis anos, dez meses e três dias”, esse é o tempo em que o diretor de patrimônio da ONG, José Flávio, também começou a sua transformação. “Se hoje estou aqui é porque alguém se sensibilizou com a minha situação. Hoje procuro ajudar outras pessoas e sei da importância dessa atitude”. Após o evento, o grupo foi recebido pelo prefeito Marino de Lima em seu gabinete. Em Cajati, o CRADEQ - Centro de Referência Ambulatorial à Dependência Química funcionará seguindo os passos da entidade de Cubatão, que se colocou a disposição para auxiliar na criação da instituição e realizar, inclusive, um trabalho de prevenção junto à rede municipal de ensino do município. O prefeito agradeceu a visita à cidade e ao apoio recebido pelo incentivador da iniciativa, Edison Wilson Ferreira dos Santos (Dida), também de Cubatão, mas que reside em Cajati há 4 anos e também conhece de perto o problema. Marino se dispôs a ir até Cubatão com o grupo que formará a diretoria da ONG em Cajati. A administração municipal poderá, a princípio disponibilizar um espaço e alguns materiais para funcionamento da instituição após a constituição dos tramites legais que devem levar aproximadamente 90 dias. Direito a recursos públicos através de subvenção só poderão ser liberados após 1 ano e meio de funcionamento da entidade.
Números
Diretores do CADEQ de Cubatão com o prefeito de Cajati, Marino de Lima
e o incentivador da iniciativa em Cajati, Edison Ferreira dos Santos (Dida).
Desde sua criação, em julho de 2001, até fevereiro deste ano, o CADEQ atendeu 1.249 pessoas dependentes de substâncias químicas. Dessas, 28% apresentam idade entre 24 e 33 anos e 27% entre 12 e 23. Conseguiu, por intermédio das comunidades de tratamento parceiras da entidade, internar 855 pacientes e atualmente atende 27 pessoas, bem como suas famílias. Durante esses 7 anos foram realizadas 204 palestras com um público de 10.980 pessoas, sendo 8 mil estudantes. Através do CADEQ, a família do paciente pode conseguir a internação a preços reduzidos. As parcerias disponibilizam ainda vagas sociais para aqueles que não possuem condições de custear o tratamento. Isso é feito a partir de um número determinado de internações pagas. Mais informações sobre o CADEQ pode ser obtidas através do tel (13) 3361-6388 ou e-mail: cadeq@ibest.com.br.
Mônica Lima
Assessora de Imprensa
Prefeitura Municipal de Cajati
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