Originalmente Publicado em
Ambiente Legal Destaque Justiça e Política*
Charge "Triste partida" de Moésio Fuiza. |
Por Ana
Alencar e Edna Uip
A crise
hídrica no Estado de São Paulo, e a consequente crise de energia elétrica, já
provocam reações na indústria e na vida dos paulistas. O que se avizinha e tem
sido disfarçado pelo Governo do Estado é o colapso total do sistema de
abastecimento de água.
Empresas como
as multinacionais Coca-Cola e Ambev, prevendo os fatos, desde 2013 direcionam
suas plantas para outros estados e regiões – Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Nordeste entre outros -, a fim de garantir suas produções e evitar
prejuízos. Esta tendência tem sido mais forte nas empresas que necessitam de
grande volume de água, como as de bebidas e de papel e celulose, mas não apenas
grandes indústrias correm o risco de se verem compelidas a mudarem-se; a
população de São Paulo está na iminência de um êxodo urbano.
Entidades
ligadas a projetos e ações voltados à sustentabilidade estão vindo a público
mostrar a realidade para população e exigindo do governo que assuma
responsabilidades.
Ponto de captação que leva a água do volume morto da Represa Jaguari-Jacareí ao túnel 7 do Sistema Cantareira |
Para o
geólogo e professor de gestão ambiental da Universidade de São Paulo Pedro
Côrtes, o que passamos durante o ano de 2014 não foi dramático: “Estamos no
começo da crise. O pior ainda não aconteceu”. A falta de
água afetará a vida econômica, social e ambiental de São Paulo. Demissões em
massa decorrerão da impossibilidade de manterem-se escolas, comércio,
indústrias e locais de lazer. Faltarão produtos industrializados, a população
estará mais sujeita à doenças e o modo de vida será modificado em todos os
aspectos. Será que estamos preparados para isso?
Oded Grajew,
coordenador da secretaria executiva da Rede Nossa São Paulo escreveu em artigo
publicado na página da Rede Nossa São Paulo: “O presidente da Sabesp declarou
que o sistema pode ZERAR em março ou, na melhor das hipóteses, em junho deste
ano. E NÃO HÁ UM PLANO B em curto prazo. Isto significa que seis milhões de
pessoas ficarão praticamente SEM UMA GOTA DE ÁGUA ou com enorme escassez. Não é
que haverá apenas racionamento ou restrição. Poderá haver ZERO de água, NEM UMA
GOTA.” e conclama “as autoridades, os formadores de opinião, as lideranças e os
cidadãos a se conscientizarem urgentemente da gravíssima situação que vive a
cidade, da dimensão da catástrofe que se aproxima a passos largos. “
O baixo
volume de chuvas junta-se à incompetência e irresponsabilidade do governo na
gerência dos sistemas de abastecimento de água e à falta de campanhas de
racionamento junto à população, o que nos coloca às portas de um
desabastecimento, passível de ocorrer até a metade deste ano.
Veja neste
link a o que Alckmin disse sobre racionamento durante crise hídrica
A
permissividade na ocupação de áreas de mananciais, a crença na infinitude da
água e seu consequente desperdício, reforçados pela falta de informação e de
cultura de sustentabilidade, a perpetuação da poluição dos rios, tudo somado às
questões climáticas, estão prestes a gerar a falência na nossa já precária
organização urbana, e a inevitável fuga dos moradores da capital e cidades
atingidas. Não há estrutura no país para suportar fluxo migratório de milhões
de cidadãos em busca do básico para a sobrevivência.
O que devia
ter sido feito pelos órgãos responsáveis no gerenciamento dos recursos hídricos
não foi. Mas, ultrapassada essa fase e perdida a oportunidade, o momento é de
cobrar transparência na informação e convocar a sociedade a participar da busca
de soluções.
Fontes:
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